quinta-feira, 5 de agosto de 2010

ENVELHECIMENTO VERSUS DEMÊNCIA...

Um estudo realizado no Instituto de Psicologia (IP) da USP propõe uma nova abordagem da demência, doença que atinge cerca de 47% dos idosos com mais de 85 anos. Segundo a Psicanalise, a demência pode ser entendida como uma espécie de defesa contra os estados depressivos que muitas vezes acompanham o processo de envelhecimento. Trata-se de uma abordagem que contribui para uma compreensão mais ampla do processo demencial, baseada na possibilidade de se pensar as demências como fenômenos causados por múltiplos fatores.
A demência se caracteriza, basicamente, pela perda gradual da memória e da capacidade de raciocínio, e cerca de 15% dos casos são atribuídos a causas psicológicas. Além disso, o nível de deterioração das células cerebrais freqüentemente não explica a intensidade dos sintomas apresentados. "A psicanálise estuda os mecanismos inconscientes que intervêm na constituição do ser humano. Para ela, o 'Eu' é uma organização que depende de inúmeros fatores além dos biológicos: fatores sociais, históricos, culturais".
"O fato de a velhice ser o momento da existência humana mais próximo à morte, ligado ao declínio físico e a questões culturais, cria campo fértil para uma representação social negativa e propicia atitudes de marginalização e auto-exclusão", O fenômeno da demência pode ser entendido, como "uma forma regressiva de defesa contra a depressão de final de vida, em que o 'Eu' historicamente constituído se dissolve.
A alerta aqui é orientar as pessoas, a evitar o perigo de se dizer que, durante a velhice, só o que resta é "se desapegar das coisas do mundo". Essa visão coloca o idoso como pessoa sem futuro e dificulta a criação de novos vínculos. "É preciso instaurar outros objetos no lugar dos perdidos, para que outros investimentos pessoais sejam possíveis"